O micropaís insular de Palau, localizado estrategicamente perto de Taiwan no Oceano Pacífico, emergiu como um ponto focal involuntário e vulnerável na crescente rivalidade geopolítica entre a China e os Estados Unidos. Com fortes laços históricos e de defesa com Washington e o reconhecimento diplomático de Taiwan, Palau sente diretamente o peso das tensões.
A localização de Palau, a pouco mais de 800 quilômetros a leste das Filipinas e a sudeste de Taiwan, confere-lhe uma importância estratégica que supera em muito seu pequeno território. O país faz parte de uma cadeia de ilhas no Pacífico, historicamente sob influência dos EUA, que Washington considera vital para a segurança regional e para a defesa de seus aliados, incluindo Taiwan.
Pressão Chinesa e Laços com Taiwan
O principal motivo para a pressão sobre Palau é o seu relacionamento diplomático com Taiwan, que a China considera uma província rebelde e insiste que não deve ter relações formais com nenhum país. Em 2024, Palau realizou eleições onde a questão do relacionamento com Taiwan e a crescente pressão chinesa estiveram em pauta.
A China tem utilizado táticas de coerção econômica e influência para tentar persuadir Palau a mudar seu reconhecimento diplomático para Pequim. Em 2018, por exemplo, a China proibiu grupos de turistas de viajar para Palau, causando um impacto significativo na economia do microestado, altamente dependente do turismo. Recentemente, houve relatos de que a China continua a investir maciçamente em setores estratégicos no Ocidente e tem aumentado o foco em Palau, utilizando pressões econômicas para promover narrativas favoráveis a Pequim.
Apesar das pressões, o país tem mantido seu alinhamento com Taiwan, visto como um símbolo de sua autonomia e um contraponto à influência chinesa na região.
O Papel dos Estados Unidos
Os Estados Unidos têm um Acordo de Livre Associação (Compact of Free Association – COFA) com Palau, que lhes concede direitos exclusivos de uso militar sobre o território e é a principal fonte de ajuda econômica e segurança para o país. Em resposta à pressão chinesa, os EUA têm reforçado seu compromisso com Palau, com o envio de ajuda e o aumento da presença militar e de infraestrutura.
A renovação e a implementação do COFA são cruciais para a estabilidade de Palau, garantindo o apoio econômico e militar americano em um momento de crescente instabilidade regional. A mídia e os analistas têm apontado que a localização estratégica de Palau e seus laços com Taiwan a tornaram um foco da rivalidade EUA-China.
Consequências no Cotidiano
Para os cerca de 18.000 habitantes de Palau, a disputa geopolítica se traduz em incertezas econômicas e na polarização da política doméstica. Embora a assistência dos EUA ajude a amortecer o choque econômico, a ausência contínua de turistas chineses e a constante sombra da pressão de Pequim criam um cenário de volatilidade.
A situação de Palau ilustra vividamente como a escalada da competição entre as duas maiores potências mundiais está forçando pequenas nações a fazer escolhas difíceis, transformando-as em campos de batalha ideológicos e econômicos. O futuro de Palau está intrinsecamente ligado à dinâmica dessa tensão, onde sua soberania e sua economia se equilibram em uma corda bamba entre os gigantes.





