Brasil

Pobreza E Extrema Pobreza Caem Ao Menor Nível Desde 2012, Mas Desigualdade De Renda Persiste, Aponta IBGE

​A Pobreza e a extrema pobreza no Brasil atingiram os menores patamares desde 2012, segundo a mais recente edição da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de pobreza recuou para 23,1% da população, e a extrema pobreza caiu para 3,5%, um movimento que marca o terceiro ano consecutivo de queda, recuperando e superando os níveis pré-pandemia.

​A redução expressiva, observada no período entre 2023 e 2024, fez com que cerca de 8,6 milhões de brasileiros deixassem a situação de pobreza e 1,9 milhão superassem a linha da miséria. Os dados, que utilizam critérios do Banco Mundial (US$ 6,85 e US$ 2,15 por dia em Paridade de Poder de Compra – PPC), mostram um contingente atual de 48,9 milhões de pessoas na pobreza e 7,4 milhões na extrema pobreza.

​ Mercado de Trabalho e Programas Sociais Impulsionam o Resultado

​A análise do IBGE e de instituições como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que a melhoria social é um resultado da combinação de dois fatores principais:

  1. Aquecimento do Mercado de Trabalho: O dinamismo no mercado de trabalho, com mais empregos e recuperação da renda, contribuiu significativamente, especialmente para a redução da pobreza (faixa com maior impacto da renda do trabalho).
  2. Fortalecimento de Programas Sociais: A manutenção de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, em patamares superiores ao período anterior à pandemia, demonstrou ser crucial, especialmente no combate à extrema pobreza. O IBGE projeta que, sem a existência desses programas, a extrema pobreza saltaria de 3,5% para 10% da população.

​ Desigualdade e Disparidades Regionais e Raciais

​Apesar dos avanços históricos no combate à pobreza, a desigualdade de renda continua sendo um desafio estrutural no país. O Índice de Gini, que mede a disparidade, atingiu o menor valor desde 2012 (0,504 em 2024), indicando uma redução da desigualdade. Contudo, o Brasil ainda se mantém em posição crítica no cenário internacional, figurando como o segundo país com maior desigualdade de renda entre os 40 analisados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

​As disparidades permanecem acentuadas em recortes específicos:

  • Raça e Cor: Pessoas pretas e pardas, embora representem 56,8% da população, são 71,3% do total de pessoas pobres. A pobreza atinge 15,1% dos brancos, contra 25,8% dos pretos e 29,8% dos pardos.
  • Gênero: As mulheres apresentam uma maior incidência de pobreza (24%) do que os homens (22,2%). Entre as mulheres pretas ou pardas, a pobreza chega a 30,4%.
  • Regiões: O Nordeste, apesar de registrar a maior queda anual (de 47,2% para 39,4%), segue com a maior taxa de pobreza.

​A situação é ainda mais grave nas áreas rurais, onde a proporção de pessoas em pobreza (43,0%) e extrema pobreza (7,2%) é superior à das áreas urbanas. O segmento de trabalhadores informais também exibe alta vulnerabilidade, com um em cada cinco sem carteira assinada na condição de pobreza.

​A queda nos índices de pobreza, impulsionada por políticas sociais robustas e melhoria no emprego, sinaliza uma recuperação econômica com foco social. No entanto, o desafio do país se desloca para a superação das disparidades estruturais de renda e oportunidades, que mantêm grupos específicos e regiões inteiras em situação de vulnerabilidade.

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