Engenheira autista denuncia discriminação e perseguição após solicitar teletrabalho no Paranacidade

Andreia Pichorim, funcionária com deficiência, foi demitida 24 horas após enviar atestado médico; caso expõe supostas práticas de negligência e nepotismo na gestão de Camila Mileke Scucato

Em um caso que chama atenção para a inclusão e os direitos das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho, a engenheira civil Andreia Pichorim, diagnosticada com autismo, denunciou discriminação, negligência e nepotismo por parte da Secretaria de Estado das Cidades e da superintendente do Paranacidade, Camila Mileke Scucato. A funcionária, que passou em um concurso público em 2022 e foi convocada em outubro de 2024, foi demitida 24 horas após solicitar o direito ao teletrabalho, recomendado por médicos devido a sua saúde mental e condições familiares.

Andreia relatou que, durante a entrevista inicial com a superintendente, mencionou suas necessidades relacionadas ao autismo e pediu adaptações. No entanto, Camila Mileke Scucato teria reagido de forma hostil, afirmando que “autismo não é deficiência”, em uma declaração considerada discriminatória pela engenheira e por entidades que defendem os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Apesar de constarem no exame admissional, as adaptações necessárias para que Andreia exercesse suas funções nunca foram implementadas. Além disso, a engenheira relatou receber equipamentos sucateados e uma carga de trabalho dez vezes maior que a dos colegas, evidenciando negligência e tratamento desigual.

A situação se agravou quando Andreia, que é a única responsável por uma filha com TEA e um pai com demência grave, foi transferida para Maringá, a 449 km de sua família. A distância e as condições de trabalho precárias levaram a engenheira a desenvolver depressão, o que resultou em uma recomendação médica para o teletrabalho. No dia 5 de fevereiro, Andreia enviou o atestado médico e os laudos ao setor de recursos humanos. No entanto, menos de 24 horas depois, em 6 de fevereiro, ela foi demitida por meio de uma ligação de vídeo, sem justificativa formal.

A demissão ocorreu mesmo com 50% dos engenheiros do Paranacidade atuando em regime de teletrabalho, o que levanta questionamentos sobre a real motivação da superintendente. Andreia também destacou que o irmão de Camila, Lucas Mileke Scucato, foi aprovado no mesmo concurso, ocupando a 124ª posição, o que alimenta suspeitas de nepotismo e favorecimento na gestão do órgão.

O caso foi encaminhado ao governador Ratinho Jr., com um apelo para que sejam investigadas as práticas da superintendente e garantidos os direitos das pessoas com deficiência no serviço público. A denúncia de Andreia Pichorim expõe não apenas uma possível violação de direitos, mas também a necessidade de maior fiscalização e transparência na gestão de órgãos essenciais do estado.

Impacto e repercussão
O caso de Andreia Pichorim reflete um cenário mais amplo de desafios enfrentados por pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Recentemente, entidades ligadas aos direitos do autismo têm lutado contra mudanças na representação de pessoas com TEA em órgãos governamentais, o que poderia enfraquecer a defesa de políticas públicas inclusivas. Além disso, a história de Andreia se soma a outros relatos de discriminação, como o da educadora Herica Santana, que denunciou perseguição em uma escola estadual de São Bernardo do Campo por ser autista.

A mobilização de entidades e a pressão pública são fundamentais para garantir que casos como o de Andreia não se repitam e que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados. A sociedade espera que o governo do Paraná tome medidas concretas para investigar as denúncias e promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e justo.

Conclusão
A luta de Andreia Pichorim por seus direitos não é apenas pessoal, mas representa um chamado para a valorização da diversidade e da inclusão no serviço público. Enquanto o caso segue sob investigação, a sociedade civil e as entidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência continuam vigilantes, exigindo transparência e justiça.

Fontes: G1, Maringá Post, CGN, ABCD Jornal, O Povo

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