No primeiro dia do júri popular de Jorge Guaranho, acusado de assassinar o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Marcelo Arruda, a viúva da vítima, Pâmela Suellen Silva, prestou depoimento emocionado. Ela relatou os desafios enfrentados para que o filho do casal, que tinha apenas 40 dias na época do crime, reconheça a figura paterna.
“Coloquei fotos pela casa para que ele reconhecesse quem é o pai”, afirmou Pâmela durante seu testemunho. Ela destacou a dificuldade de criar o filho sem a presença do pai e mencionou que a criança, agora com dois anos e meio, ainda não compreende o conceito de paternidade. “Meu filho não sabe o que é pai”, desabafou.
O julgamento, que ocorre em Curitiba, reúne quatro testemunhas que apontam motivação política no crime. Marcelo Arruda foi morto a tiros em julho de 2022, durante sua festa de 50 anos, que tinha temática do PT, em Foz do Iguaçu. O réu, Jorge Guaranho, é ex-policial penal e apoiador do então presidente Jair Bolsonaro.
Pâmela também relatou o terror vivido no momento do crime e as dificuldades enfrentadas desde então. “Depois disso (tiros), foi um terror. Eu tive que tomar todas as providências de uma pessoa que estava fazendo aniversário, para providenciar o velório”, disse.
O julgamento de Jorge Guaranho, acusado de homicídio duplamente qualificado, deve se estender por mais alguns dias. A defesa nega motivações políticas no crime.
A sociedade aguarda o desfecho do caso, que expõe as profundas divisões políticas no país e a dor de uma família que busca justiça.