A cultura dos bate-bolas, uma tradição centenária do carnaval carioca, tem registrado um aumento significativo na participação feminina. Historicamente dominados por homens, esses grupos, conhecidos por suas fantasias coloridas e máscaras enigmáticas, agora contam com a presença ativa de mulheres que desafiam estereótipos e enriquecem a manifestação cultural.
Nos últimos anos, a inclusão feminina nos bate-bolas tornou-se mais evidente. Grupos exclusivamente femininos, como as “Brilhetes”, emergiram, proporcionando às mulheres um espaço para expressarem sua criatividade e paixão pelo carnaval. Joyce Cecília, de 27 anos, integrante das Brilhetes, destaca a importância dessa participação: “Estamos quebrando barreiras e mostrando que o carnaval é para todos”.
A presença feminina não apenas diversifica os grupos, mas também contribui para a transformação da imagem dos bate-bolas. Após anos associados a estigmas de violência, esses coletivos adotaram novos códigos de conduta, promovendo a união e ocupando espaços diversos, como universidades e produções culturais. A pesquisadora Aline Gualda Pereira, do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, observa que os grupos são geralmente formados por pessoas que moram no mesmo bairro ou comunidade, com idades entre 25 e 40 anos.
Atualmente, existem cerca de 400 grupos de bate-bolas cadastrados na cidade, somando aproximadamente 16 mil participantes. Esses grupos se organizam de forma independente, confeccionando suas fantasias e planejando suas apresentações com meses de antecedência. A Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro reconheceu a importância desses coletivos, entregando certificados a cada um dos grupos cadastrados, em uma cerimônia realizada na Arena Carioca Fernando Torres, em Madureira.
A expansão da participação feminina nos bate-bolas reflete uma mudança cultural significativa, onde as mulheres reivindicam seu espaço em tradições populares e contribuem para a evolução das manifestações culturais do Rio de Janeiro.