Kássio Nunes autoriza PF a retomar investigações sobre desvios de R$ 1,4 bilhão em emendas parlamentares e analisar dispositivos

Em uma decisão que surpreendeu o cenário político, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kássio Nunes Marques, determinou a retomada das investigações da Polícia Federal (PF) sobre desvios de R$ 1,4 bilhão em emendas parlamentares. A operação, batizada de Overclean, investiga um esquema de fraudes em licitações e contratos públicos, com suspeitas de envolvimento de políticos e empresários ligados ao governo Bolsonaro. Além disso, Nunes Marques autorizou a perícia de mais de 100 dispositivos digitais, incluindo celulares, notebooks e tablets apreendidos com os investigados .

O esquema bilionário

A Operação Overclean teve início na Bahia, onde foram identificados indícios de desvios de recursos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). As investigações apontam que empresários, liderados por José Marcos de Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, desviaram verbas de emendas parlamentares destinadas a obras públicas. O esquema envolvia contratos superfaturados e pagamentos de propina a agentes políticos e servidores públicos .

Entre os investigados está o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), cujo nome surgiu em interceptações telefônicas e documentos apreendidos pela PF. Suspeita-se que ele tenha recebido um imóvel de presente do empresário Marcos Moura, em uma transação abaixo do valor de mercado. Além disso, parentes de Elmar, incluindo um vereador de Campo Formoso (BA), foram presos durante a operação .

A decisão de Kássio Nunes

A decisão de Nunes Marques foi tomada após a PF solicitar a retomada das investigações, que estavam paradas desde janeiro. O ministro também decretou sigilo total sobre os autos do caso, restringindo o acesso a servidores designados, ao Ministério Público e às partes envolvidas .

A PF já começou a periciar os 144 dispositivos digitais apreendidos, incluindo 54 celulares, 51 HDs e pen drives, e 33 computadores. A expectativa é que o conteúdo desses aparelhos revele detalhes do esquema e possa implicar outros parlamentares além de Elmar Nascimento .

Tensão política

A decisão de Nunes Marques gerou apreensão no mundo político, especialmente entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF já havia tentado transferir a relatoria do caso para o ministro Flávio Dino, argumentando que ele já conduz investigações semelhantes. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a permanência de Nunes Marques, alegando que não há conexão direta entre os casos .

A operação também revelou a complexidade do esquema, que envolve políticos de oito partidos, incluindo União Brasil, MDB, PT, PP, PSD, PSDB, Republicanos e Solidariedade. O montante desviado, estimado em R$ 1,4 bilhão, foi identificado em contratos fraudulentos e obras superfaturadas em diversos estados, como Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e Rio de Janeiro .

O que esperar

Com a retomada das investigações e a análise dos dispositivos apreendidos, a expectativa é que novos nomes sejam envolvidos no esquema. A PF já identificou planilhas que indicam pagamentos de propina a assessores de Elmar Nascimento e outros parentes, além de transações imobiliárias suspeitas .

A decisão de Kássio Nunes Marques marca um novo capítulo na Operação Overclean, que promete abalar ainda mais o cenário político brasileiro. Enquanto isso, a PF segue trabalhando para desvendar os detalhes do esquema bilionário que desviou recursos públicos destinados a obras essenciais para o país.

Fontes:

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